Sentada aqui, observando as luzes do quarto se acender e apagar,
escrevendo isso, vejo que abstraio humor nas coisas mais triviais que se
pode imaginar. Brincar com os momentos ruins não fazem com que eles
se tornem agradáveis, mas contribui parcialmente
para seguir em frente. Sei que geralmente só escrevo sobre coisas
ruins, mas depois de abandonar essas entrelinhas mórbidas, sempre faço
uma piada para não morrer engasgada com a inclemência dos sentimentos
que foram ali expressos.
Escrever sobre a minha realidade
é uma necessidade que me consome nos momentos de inquietação, já quando
a tranquilidade toma conta, não há sobre o que escrever. O sossego é um
tiro no escuro que vez ou outra acerta alguém, que acaba tendo morte
instantânea por ter tido o cérebro perfurado
pelas palavras erradas. O lado ruim de escrever é que as pessoas passam
a te ver como alguém que as pode entender, e muitas vezes, você não irá
querer dizer nada além do que está escrito.
Eu costumo ser intolerante
com quem tenta descarregar o fardo sobre
mim. As mesmas histórias me cansam, e as pessoas raramente me
acrescentam algo novo. É o mesmo pensamento ilhado sobre o que fazer com
o lixo. Devem ter esquecido como se reciclar, não aprendem nunca a
transformar seus corações de lata em algo que não polua
o mundo. Tenho vontade de gritar nos ouvidos que sou apenas uma PESSOA
COMUM em um quarto escuro, que se arrasta sobre os próprios medos. É
duro ter que aceitar que a maior parte das pessoas que irão cruzar
nossas vidas, serão totalmente previsíveis.
Gosto
de quem me faz gostar, surpreendendo do jeito que é. Existem aqueles
que são como uma tocha que se acende no momento certo, iluminando as
nossas vidas e aquecendo as nossas almas. Já outros, inflamam a qualquer
momento, tentando se mostrar úteis, e nem percebem
que estão fazendo do mundo o seu cinzeiro, mas tudo isso seria levado
em controvérsia se levar em consideração o que digo quando me perguntam
sobre aquele alguém, o "certo alguém". Porque perto dele eu sou
minúscula.
Ele todo alto me faz caber em seu abraço
e deitar sobre seu peito. Ele é chato, é implicante e confuso, e me
deixa louca, mas eu deixo ele louco também. Quando a gente briga, ele se
irrita porque eu não demonstro nada e ele acha que quero ele longe, e
eu fico com raiva, sabe? E ao mesmo tempo perdida.
Como resistir a ele, se até mesmo seus olhos me puxam para si. Ele
adora abraços e as vezes ele simplesmente me olha e segura minhas mãos e
me embala em seus braços, ele até passa a rir fingindo que é apenas
mais uma brincadeira, mas eu prefiro acreditar que
não.
Nunca conheci um cara tão frágil e tão forte, era como se ele
segurasse o sol com as unhas para que a escuridão não tomasse conta do
céu, pois ele morria de medo do escuro. Ele entrou, fez o furacão, mas
ele reconstruiu tudo do jeitinho dele e fico até
legal assim sabe? Ele pode ser o homem mais errado e confuso do mundo,
mas foi em sua confusão que eu me encontrei. Mas eu tenho orgulho, eu
tenho medo e assim eu, dona de mim, sem querer e sem saber porque, me
tornei loucamente, deliberadamente e inconscientemente
apaixonada por um simples clichê.
Vívian Borba
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